sexta-feira, 1 de março de 2013

O bom exemplo de Espanha vs a decrepitude de Portugal



«
O ministro da Agricultura espanhol, Miguel Arias Cañete, disse hoje que a o lince-ibérico e a água-imperial são os grandes êxitos na história da conservação em Espanha e um exemplo da cooperação entre autoridades e ambientalistas.

O lince-ibérico e a águia-imperial são “duas das espécies mais emblemáticas em Espanha, os símbolos da floresta mediterrânica melhor conservados na Península Ibérica”, declarou o ministro da Agricultura espanhol, citado pela agência de notícias Efe.

Durante a intervenção na X Convenção ‘Fundación Amigos del Águila Imperial, Lince Ibérico y los Espacios Naturales de carácter privado", que decorreu hoje em Madrid, o ministro espanhol recordou que o melhor exemplo do êxito da recuperação da águia-imperial foi ter passado de 50 casais reprodutores em meados do século XX, para 370 casais nos dias de hoje, e para mais 10 casais em Portugal.

Em declarações à Lusa, o ambientalista da Quercus Paulo Lucas considerou que Portugal está a beneficiar dos programas e políticas de conservação desenvolvidos em Espanha, mas lamentou que “não haja em Portugal uma política de conservação de espécies criticamente em perigo”, nem uma “política de investimento público, de acordo com compromissos assumidos com a União Europeia”.

“A águia-imperial deixou de nidificar durante muitos anos em Portugal, mas agora já está a nidificar nas zonas transfronteiriças do interior, fruto das políticas de conservação de Espanha”, explicou o coordenador do grupo de trabalho de biodiversidade da Quercus.

No caso do lince-ibérico, o ministro espanhol disse que a situação daquele felino em vias de extinção ainda é “delicada”, mas que a recuperação tem sido “substancial” e que que esse trabalho de conservação deve ser “consolidado” com uma adequada gestão do território, esperando contar com a apoio dos donos dos terrenos em espaços naturais.

Em Portugal, foi criado, como medida compensatória para a construção da Barragem de Odelouca, no Algarve, o Centro Nacional de Reprodução de Lince-Ibérico em Silves e o programa de criação em cativeiro está a ter sucesso com o nascimento de algumas crias.

“Portugal ainda tem um longo caminho para reintroduzir na natureza o lince-ibérico”, considerou o ambientalista, referindo que a “fase crítica” e “delicada” é a passagem dos animais em cativeiro para o estado selvagem.

O lince-ibérico é um felino em vias de extinção que só existe em Espanha e Portugal e a águia-imperial é uma das aves de rapina mais raras do mundo.

A população residente atual do Centro de Reprodução de Lince-ibérico em Silves conta com 18 linces: treze dos que inauguraram o centro em 2009, três transferidos no final de 2010 e dois transferidos no final de 2011. No total, são nove fêmeas e nove machos.

Ambas as espécies – lince-ibérico e águia-imperial – alimentam-se, essencialmente, de coelhos-bravos e encontram-se hoje classificadas como “criticamente em perigo”, pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal.
»
 
Fonte texto: jornal i on-line 28 Fev. 2013.