domingo, 4 de dezembro de 2011

O surpreendente Programa Nacional de Barragens Português actualmente em curso

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Perante o adiamento das barragens de Fridão e Alvito, associações apelam ao Governo que revogue as garantias de potência para novas barragens, não só pelo património e ambiente, mas para evitar a escalada do défice

GEOTA, LPN, Quercus, FAPAS, COAGRET, MCLT, 19 Novembro 2011

A EDP anunciou nos últimos dias o adiamento da barragem de Fridão e a suspensão da barragem do Alvito, alegadamente para encontrar "soluções de optimização".

As associações signatárias congratulam-se com este adiamento da sentença de destruição de mais dois rios, e reiteram que o modelo de negócio subjacente ao Programa Nacional de Barragens é altamente lesivo para o País e os cidadãos, e devia ser abandonado enquanto é tempo.

A decisão da EDP terá sido causada por um combinação de vários factores:

- Desadequação técnico-económica dos projectos — algo que temos vindo a denunciar há quatro anos relativamente ao conjunto do Programa Nacional de Barragens;

- Redução das garantias de equilíbrio financeiro das concessões, pois o negócio estava assente num regime de "garantia de potência" que poderá ser inviabilizado pelas restrições impostas pela missão internacional FMI/CE/BCE (vulgo troika);

- Dificuldades em conseguir o financiamento necessário, pela combinação da conjuntura económica desfavorável e de dúvidas dos investidores sobre a bondade do investimento em novas grandes barragens. Lembremos que a Estratégia Europeia para a Energia aponta exactamente no sentido oposto: investimento prioritário na eficiência energética e em soluções custo-eficazes, e não em nova produção de alto custo.

Estes adiamentos demonstram que o "financiamento garantido a juro de 3,5%", que a EDP afirmava ter para todo o programa de barragens, não existe. A EDP anda agora a emitir obrigações a 6%. Se as outras concessionárias sofrerem de dificuldades semelhantes, o que se afigura provável, o custo do programa de barragens para os cidadãos irá escalar dos antes estimados 16 000 M€ para mais de 20 000 M€ — um brutal encargo de pelo menos 2 000 € por cidadão português.

Apelamos ao Governo para que revogue definitivamente o esquema das garantias de potência para novas centrais (que apenas beneficia as grandes empresas eléctricas, de construção e a banca), cancele o programa de barragens, e construa uma política energética séria, com benefícios para a

generalidade das empresas e as famílias, na linha da Estratégia Europeia para a Energia.

O sector da construção e obras públicas não pode continuar a sobreviver à custa de obras faraónicas.

As associações signatárias defendem que deve haver investimento público, sim, mas em sectores com elevado retorno social e ambiental, designadamente:

- Uso eficiente da energia: na indústria, na habitação e nos edifícios de serviços, incluindo os do próprio Estado. Esta opção gerará poupanças essenciais para o País a curto e médio prazo;

- Requalificação urbana, dos centros históricos e não só, atraindo habitantes para o centro das

cidades e melhorando o desempenho energético dos edifícios;

- Transporte público ferroviário, com tipologia adequadas à função (transporte urbano, suburbano e longo curso de passageiros, ferrovia turística, rede coerente de transporte de mercadorias);

- Projectos inovadores que contribuam para o desenvolvimento local no interior do País, assentes nos nossos valores únicos: paisagem, gastronomia, património natural e cultural.



Contactos: João Joanaz de Melo (GEOTA) 962853066,

Alexandra Cunha (LPN) 962555685,

Melissa Shinn (Quercus) 917474474
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GEOTA, LPN, Quercus, FAPAS, COAGRET, MCLT, 19 Novembro 2011



BARRAGEM DO TUA: os subterrâneos da política

As 7 Ex-Maravilhas Naturais de Portugal

"HOLOCAUSTO HÍDRICO" NO RIO SABOR

TRANSPORTE FERROVIÁRIO EM PORTUGAL

ESTUDO ENCOMENDADO PELA UNIÃO EUROPEIA SOBRE O PROGRAMA NACIONAL DE BARRAGENS


quarta-feira, 26 de outubro de 2011

RINOCERONTE DE JAVA EXTINGUE-SE NO VIETNAME


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Amostras genéticas recolhidas em 2010 no Parque Nacional Cat Tien, no Vietname, confirmaram a morte do último exemplar de uma espécie do rinoceronte de Java - no Sudeste Asiático - devido à caça furtiva, de acordo com o Fundo Mundial para a Natureza (WWF).

O animal morreu após ser baleado nas pernas e de lhe ter sido cortado o chifre, um dos principais produtos da medicina tradicional chinesa, a fim de ser vendido no mercado ilegal, onde pode atingir os 30 mil dólares.

A organização dedicada à conservação da natureza publicou na terça-feira um relatório intitulado "A extinção do rinoceronte de Javan no Vietname" onde confirmou a extinção desta espécie. Contudo até 1988 acreditava-se que o rinoceronte de Java tinha desaparecido, até que um pequeno grupo foi descoberto nas selvas do Cat Tien.

O grupo ambientalista aponta no seu relatório a indiscriminada caça furtiva existente no país asiático como uma das causas do desaparecimento deste animal, aliada à "ineficaz" protecção nos parques nacionais no Vietname.
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Fonte Jornal Público on-line 26 Out. 2011

domingo, 7 de agosto de 2011

REVOLTANTE: DUNAS DE MIRA - AGORA E ANTES







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PESCANOVA

Primeiro-ministro Lança Projecto de Piscicultura com Atropelos à Biodiversidade e ao Ordenamento do Território

O primeiro-ministro, Engº José Sócrates, preside amanhã, sábado dia 6 de Outubro, em Mira, à cerimónia pública do lançamento do Projecto Aquícola de Engorda de Pregado da Pescanova, previsto para o sítio de Rede Natura 2000 “Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas”. A Quercus alerta para os erros e impactes ambientais negativos de mais este projecto PIN (Potencial Interesse Nacional) a desenvolver em Rede Natura 2000.

Apesar do governo assumir que a classificação de um projecto como PIN não lhe confere nenhuma isenção face ao cumprimento da legislação e das regras de ordenamento, a Quercus salienta aqui os principais aspectos que revelam uma realidade contrária. O projecto será implementado em:

- Rede Natura 2000 no sítio “Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas”;

- Área onde existem três habitats prioritários em termos de conservação (Dunas fixas descalcificadas Atlânticas, Dunas com florestas de Pinus pinea e/ou Pinus pinaster e Dunas fixas com vegetação herbácea - Dunas cinzentas);

- Zona central ao sítio da Rede Natura 2000 potenciando o seu efeito negativo na fragmentação de habitats;

- Área condicionada pelo Plano Director Municipal de Mira como Espaço de Salvaguarda Estrita;

- Perímetro Florestal, entretanto desafectado pelo governo;

- Reserva Ecológica Nacional, entretanto também desafectada pelo governo;

- Domínio Público Marítimo

Acresce ainda que apesar da propriedade do terreno onde este projecto pretende ser desenvolvido estar em apreciação nos Tribunais, em sequência da contestação desenvolvida pela Quercus que impediu, para já, que a Câmara Municipal de Mira consumasse a venda dos 206 hectares, foi desenvolvido um contrato de arrendamento sobre terrenos do domínio público e baldios que não pertencem à autarquia. Por outro lado, não foram estudadas e avaliadas do ponto de vista de impacte ambiental outras alternativas de localização contrariando o previsto na Directiva Habitats.

O local de implantação deste projecto, que só em área para tanques corresponde a 16 ha, é uma zona considerada de máxima importância comunitária, que o Estado Português se comprometeu a conservar ao integrá-la na Rede Natura 2000. Para mais, o projecto em questão foi submetido e chumbado em Espanha, precisamente por estar projectado para um espaço classificado como Rede Natura (Cabo Tourinan), tendo posteriormente sido adaptado ao sítio Dunas de Mira, conhecendo-se desde logo, obviamente, a sua importância em termos de conservação e das restrições que a legislação nacional e europeia impõem. Espaços com habitats de excelência, como este, não podem de todo ser sujeitos a intervenções de enorme impacto e irreversibilidade como a que se pretende levar a cabo.

A área de intervenção e adjacente do projecto Aquícola de Engorda de Pregado em Mira da Pescanova possui oito (8) habitats naturais classificados incluídos no Anexo I da Directiva 92/43/CEE, três dos quais habitats prioritários para a conservação, a saber: 2150* Dunas fixas descalcificadas Atlânticas (Calluno-Ulicetea); 2270* Dunas com florestas de Pinus pinea e/ou Pinus pinaster; e 2130* Dunas fixas com vegetação herbácea (dunas cinzentas). De acordo com a Directiva Habitats, “no caso de o sítio em causa abrigar um tipo de habitat natural e/ou uma espécie prioritária, apenas podem ser evocadas razões relacionadas com a saúde do homem ou a segurança pública ou com consequências benéficas primordiais para o ambiente ou, após parecer da Comissão, outras razões imperativas de reconhecido interesse público”, o que não é o caso deste projecto de engorda de pregado.

Apesar da presença destes habitats, a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) foi favorável, embora condicionada, sem que ficasse garantida uma localização exacta do projecto dentro da parcela definida, agora dependente de novos estudos mas já com garantia de aprovação. No entanto, esta DIA não deixa de destacar os riscos para o projecto em sequência da subida do nível do mar e do recuo da costa, deixando claro que estes riscos não poderão de forma alguma ser imputados ao Estado Português. Ou seja, o Estado tem consciência dos riscos desta localização, ainda assim aprova-a, mas desresponsabiliza-se das consequências que daí possam advir.

Lisboa, 5 de Outubro de 2007
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Fonte: QUERCUS


 

sexta-feira, 4 de março de 2011

BARRAGEM DO TUA: os subterrâneos da política


(Sócrates veio ao Tua inaugurar a 1ª pedra tumular de Trás-os-Montes.
E veio com segurança, sem oposição dos autarcas mais directamente envolvidos. Porque antes o terreno foi devidamente preparado com eficácia pela máquina regional do PS.
Já agora convém lembrar que a empreitada da barragem foi adjudicada pela EDP de António Mexia, ao consórcio Mota-Engil/Somague/FMS, cuja empresa-mestra é presidida pelo socialista Jorge Coelho, que também está a fazer o túnel do Marão e a A4.
Vamos lá tentar “escavar” estes subterrâneos políticos)

Antes de mais, e para que se perceba a dimensão do problema, convém referir estes factos: a Barragem do Tua ficará situada a cerca de 1 Km da sua foz, terá um paredão com 108 metros de altura, um comprimento no coroamento (parte superior) de 275 metros, e a albufeira estender-se-á ao longo de 37 Km. Trata-se, efectivamente, de um monstro de betão, e de uma albufeira que eliminará o vale do Tua definitivamente.

Alterações do micro-clima, da fauna, flora, das condições de habitabilidade, e outras, serão sentidas perpetuamente, para além de algo que dinheiro nenhum do mundo paga: as consequências psicológicas de se fazer desaparecer do mapa toda uma região. Hectares de belezas naturais e patrimoniais que nunca mais ninguém verá. A Barragem do Tua vai destruir uma parte de Trás-os-Montes e, submergindo 16 Km de linha férrea, acabar com a linha de vez. Tudo isto em nome de um plano hidroeléctrico que por cá é responsável por barragens que representam 40% da produção eléctrica nacional, sem que, por isso, o bem-estar dos transmontanos e durienses tenha melhorado um vintém.

Posto isto, vamos então tentar perceber o que se passou.

A princípio, a oposição política à Barragem era grande. Uma das suas principais vozes era José Silvano (PSD), Presidente da Câmara de Mirandela, para quem a linha ferroviária do Tua era a única ligação do seu concelho à rede nacional. Das restantes Câmaras afectadas (Alijó, Carrazeda, Murça e Vila Flor) a contestação, se alguma vez se ouviu, era mais branda. E porquê?

Murça e Vila Flor são Câmaras lideradas em maioria pelo PS. Pequenas Câmaras mais interessadas (e habituadas) a esperar para ver se da mesa de Lisboa caem algumas migalhas, do que a intervir tomando posições em que se possam comprometer. E depois, e acima de tudo, são do PS, e este Plano Hidroeléctrico era da execução do PS.

Relativamente a Carrazeda de Ansiães, o seu Presidente, José Correia, foi eleito numa coligação PSD/CDS, mas ganhou por uma “unha negra” (só com 67 votos a mais) a uma outra coligação de independentes. Em último foi eleito Augusto Faustino, pelo PS. José Correia teve que governar em minoria, com um executivo de 5 elementos, formado por si e pelo seu colega de coligação, os dois eleitos da coligação opositora de independentes, mais o eleito do PS. Ora está mesmo a ver-se, nestas circunstâncias (2+2+1), em quem está o poder de fazer a maioria numa votação camarária. José Correia tornou-se assim, politicamente, “refém” de Augusto Faustino e, consequentemente, do PS.

Entretanto, em Alijó, está Artur Cascarejo (PS) que governa em maioria, e que acumula também com o lugar de Presidente da Comunidade Intermunicipal do Douro, e é o político duriense que é visto mais vezes nos órgãos de comunicação social e que não perde evento onde possa ficar ao lado de uma câmara de TV (exemplos que confirmam as suas ambições políticas – e contra isso nada). Artur Cascarejo começa, a partir de uma certa altura, a ter uma atitude mais activa no processo. A ele se junta Ricardo Magalhães, Presidente da Estrutura de Missão do Douro, e serão estes que se encarregarão de limar as últimas arestas que se opõem à viabilidade da Barragem. Entretanto, o Dr. José Silvano mantém-se irredutível.

É então a vez de Artur Cascarejo assumir publicamente e com veemência, que Alijó quer a Barragem (como se tivesse feito algum referendo) e, numa célebre entrevista à Rádio Bragantia, com ar sério mas denotando uma fragilidade como nunca lhe vimos, argumenta a favor da Barragem com base no espelho de água imenso que poderá ser um potencial turístico, nos 4 pólos museológicos que vão nascer, fruto da colaboração do Museu do Douro com o Museu de Favaios, e na Agência que vai gerir o futuro Vale do Tua.

E fiquei pasmado. Porque até já tinha elogiado o Dr. Artur Cascarejo por opções que tomou pelo modelo de regionalização e outras opções para a região, e senti naquela altura que havia ali algo mal explicado. Senão, vejamos: seria isto a base da sua argumentação para defender a Barragem? Um espelho de água? Quantos há no Douro? E que nos trouxeram? E 4 museus? 4? Ainda por cima com o aval do Museu do Douro? Que nem o seu sabe governar? Alguém vem ao Tua ver 4 Museus? E Museus de quê?

Mas depois, percebi. A tal Agência, de que se vinha falando, é que era o busílis da questão! Disse ele que a tal Agência era para gerir o Vale do Tua. Lapso seu, porque o Vale seria submerso e deixaria de existir. Mais tarde emendaria: futuro vale ecológico, ou zona natural, ou coisa que o valha. Algo a construir, portanto. Mas, como disse, a questão prendia-se com a tal Agência.

É então que a figura da tal Agência começa a ganhar forma, estrutura, e o aval de Lisboa. Começa assim a gestação efectiva da Agência Regional de Desenvolvimento do Tua. Não é que esta ideia das Agências Regionais fossem algo de novo, mas era agora algo de concretizável. De tal modo que o Governo garante logo à partida verbas para a sua instalação. Era uma migalha para o montante envolvido no negócio da Barragem. E o objectivo dessa Agência é gerir os 3% que a EDP anualmente pagaria como comparticipação na produção de energia produzida pela Barragem. A EDP daria um chouriço e receberia um porco!

Restava, como opositor, o Dr. José Silvano de Mirandela. Mas não durou muito a oposição do Dr. Silvano, já que dá o dito por não dito e altera o seu discurso em Janeiro deste ano, aproveitando, como desculpa, o empurrão do despacho da Ministra do Ambiente que aprova o projecto da Barragem.

E diz o Dr. Silvano que desiste de lutar contra a construção da Barragem, desde que seja garantida a mobilidade entre a Barragem e Mirandela, e desde que a gestão dos 3% da comparticipação da Barragem fossem geridos pela tal Agência.

Ninguém entendeu esta cambalhota do Dr. Silvano, tanto mais que já se sabia que a mobilidade nunca seria garantida. Ou seja: com a submersão dos 16 Km da linha do Tua, a ligação ferroviária a Mirandela acabaria.

A EDP, no entanto, garantia essa mobilidade, e até se comprometia a pagá-la. E de que maneira? Chegados os utentes de comboio à Estação do Tua, há que sair, seguir de barco até à barragem, depois subir em funicular, da base do paredão até lá acima à albufeira, aí embarcar num ferry até Brunheda, retomando depois a viagem de comboio numa linha ferroviária totalmente remodelada tipo Metro de superfície, até Mirandela.

E será que alguém com a cabeça em cima dos ombros acredita que isto tem alguma viabilidade? Isto não dá vontade de rir? Então de Inverno, com ela a cair rasgadinho, o vento a soprar como doido, andar a subir em funicular e fazer-se às águas de barco, deve ser algo tão apetecível como fazer uma viagem no Titanic!

Mas mesmo que isso se concretizasse, a REFER já tinha dito que a submersão de 16 Km de via era o fim da linha do Tua! Por outro lado, de Brunheda a Mirandela, são 33 Km de comboio. A remodelação deste troço de via custa 30 milhões de Euros, dos quais a EDP só garante 10 M. Os restantes 20 M têm que ser pedidos à UE com a intervenção da CCRN. Ou seja, só um terço do dinheiro está garantido, e mesmo assim a REFER não quer reactivar a linha porque naquelas condições (viagem de funicular e depois de barco), a restante linha será ainda mais deficitária do que já é.

Conclusão: Mirandela vai ficar, seguramente, sem linha ferroviária.

Perante a precariedade evidente da garantia de mobilidade a Mirandela, o que levou o Dr. José Silvano a mudar tão depressa de opinião?

Contudo, e apesar da lógica de todos estes óbices, o certo é que, por estes dias, logo antes da visita de Sócrates e da célebre inauguração da 1ª pedra da Barragem, os cinco autarcas reuniram-se sob o patrocínio da Estrutura de Missão, e assinaram o protocolo de formação da tal Agência bem como os seus Estatutos. Estatutos esses que só esses autarcas e Eng. Ricardo Magalhães conhecem.

Estatutos de uma Agência Regional de Desenvolvimento que não vai desenvolver nada, mas que vai gastar os tais 3% em ordenados de Administradores, Assessores, Consultores, e pessoal apadrinhado, desenvolvendo depois projectos que, esses sim, aguardarão aval do Orçamento de Estado. Ou seja: lucros da EDP para pagar mordomias a políticos, e projectos para serem pagos com os nossos impostos. Esta Agência tem assim cara de ser uma espécie de Conselho de Administração da EDP, mas em ponto pequenino. Em ponto de 3%. Esta Agência será mais um albergue dourado da classe política. Senão, é esperar para ver quem se vai sentar nos tais lugares. Senão, é ver quando os senhores Presidentes de Câmara da região terminarem os mandatos e não puderem, por força da lei, continuar a exercer as presidências autárquicas, que cargos irão ocupar. É tudo uma questão de tempo.

Mas há ainda outra questão estranha. O facto é que, quando damos voltas a estas coisas do princípio ao fim, acabamos por tropeçar sucessivamente em gente do PS. É que a empresa-mestra do consórcio que vai construir a Barragem (o consórcio a quem a EDP adjudicou a obra, é a Mota-Engil/Somague/MFS), tem como Presidente o socialista Dr. Jorge Coelho. Empresa que também está a fazer a A4.

Por outro lado, logo que começou a falar-se na eventual queda do Governo, a Ministra do Ambiente e restantes, trataram logo de assinar as papeladas de aprovação do projecto e, por sua vez, a EDP já tinha a obra adjudicada ao tal consórcio. Isto é que é rapidez! Melhor dizendo: eficiência! E Sócrates veio logo a correr fazer a inauguração da obra, não fosse o diabo tecê-las! Porquê tanta pressa?

Se isto fosse um puzzle, eu diria que as peças se encaixam na perfeição. A escritora Margarida Rebelo Pinto diz num dos seus livros que “Não Há Coincidências”.

Mas eu, que até não sou particularmente adepto daquela escritora, e que detesto fazer puzzles, até acho que isto é tudo uma coincidência, que não há subterrâneos na política, que a Barragem do Tua vai ser uma maravilha, que Trás-os-Montes com ela vão ter um desenvolvimento tremendo, que os senhores autarcas têm plena consciência da herança positiva que deixam para o futuro, que os boatos sobre os seus interesses na Agência são puras calúnias, que a Estrutura de Missão é uma instituição que veio para o Douro para o ajudar a crescer e a resolver os seus problemas e que essa coisa de ser o “pau mandado” do Governo é um insulto injustificável, que António Mexia é um homem que está a fazer o melhor para o país apesar de nos cobrar nas facturas o que não gastamos porque se trata de um investimento no futuro, e que Sócrates é um homem com uma visão genial, um visionário, e que por isso é um incompreendido.

E depois, meus amigos: pensem como é belo um paredão de cimento com 100 metros de altura a tapar o vale do Tua!

E como é belo um lago de 37 Km tendo no fundo o património e os esqueletos do nosso passado milenar!

Acho até que a tal Agência pode comprar submarinos para que os turistas possam visitar o Vale do Tua. Olha que rica ideia que eu tive!

E para que são precisas as linhas ferroviárias?

Vem aí o futuro! Abaixo as linhas ferroviárias! Vivam as naves espaciais! Vivam os OVNIS!



Por Francisco Gouveia, Eng